segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

CADERNO DE POESIA


Da Lama Ao Caos, de Nação Zumbi. Composição: João Higino Filho.


Posso sair daqui para me organizar; Posso sair daqui para desorganizar; Posso sair daqui para me organizar; Posso sair daqui para desorganizar. Da lama ao caos, do caos à lama; Um homem roubado nunca se engana; Da lama ao caos, do caos à lama; Um homem roubado nunca se engana. O sol queimou, queimou a lama do rio; Eu ví um chié andando devagar; E um aratu pra lá e pra cá; E um carangueijo andando pro sul; Saiu do mangue, virou gabiru. Ô Josué, eu nunca ví tamanha desgraça; Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça. Peguei um baláio, fui na feira roubar tomate e cebola; Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura; “Aí minha véia, deixa a cenoura aqui e com a barriga vazia não consigo dormir”; E com o bucho mais cheio comecei a pensar; Que eu me organizando posso desorganizar; Que eu desorganizando posso me organizar; Que eu me organizando posso desorganizar. Da lama ao caos, do caos à lama; Um homem roubado nunca se engana; Da lama ao caos, do caos à lama; Um homem roubado nunca se engana.

A REGIÃO DE IRECÊ: UM POUCO DE SUA HISTÓRIA


No curso de formação promovido pelo sindicato, me coube o tema: história da nossa região de Irecê/Xique-Xique, assim como um pouco da nossa história uibaiense.
Até o início dos anos 1800 (século XIX) as nossas serras como a SERRA AZUL, a do MIRORÓS, a do ASSURUÁ eram habitadas apenas por tribos nômades de índios TAPUIAS como os MOCOAZES assim como por negros e cafuzos quilombolas que aproveitavam as riquezas, inclusive de ouro, do Assuruá  para viverem em “liberdade” e relativa bonança já que podiam plantar, caçar, coletar e também comerciar clandestinamente com “brancos” e demais homens livres das beiradas do rio São Francisco onde já havia vários povoados e arraiais como Xique-Xique e vilas como Barra do Rio Grande.
No início do século XIX nossa caatinga era desabitada completamente, era vista como um ambiente imprestável (sem serventia nenhuma, segundo consta nos documentos da época). Mas vários ex-garimpeiros e pequenos fazendeiros foram descendo a serra no decorrer do século e “domando” a caatinga. A partir da década de 40 do século XIX houve uma pressão maior sobre o geoambiente da nossa região (serra, beira de rio e caatinga) principalmente devido ao relativo grande número de pessoas que ocuparam o ASSURUÁ e as vilas na década anterior. Passada a “febre do ouro” no trecho que forma o atual Gentio do Ouro, dezenas de ex-garimpeiros, pequenos criadores e agricultores resolveram ficar na nossa região. O aumento populacional demandou mais terras e mais recursos naturais, foi aí que a CAATINGA se tornou inevitavelmente um ambiente a ser conquistado e viabilizado e assim aos poucos isso foi se tornando realidade. Na virada do século, nossa caatinga já estava “domada” e integrada aos outros geoambientes gerando um fluxo e refluxo de gente, mercadorias e “informações” diversas.
UIBAÍ, antiga Canabrava do Gonçalo nasce de uma dessas “informações” e desses desafios.  Isso se deu na década de 40 do séc.XIX, uma década emblemática, década em que um homem poderoso chamado Ernesto Rocha Medrado passou a negociar suas terras adquiridas aos representantes do mega latifúndio da CASA DA PONTE (dona de metade da Bahia entre 1600- 1700).
Quem adquiriu o “Sítio Canabrava” foi VENCESLAU PEREIRA MACHADO e seu genro-sobrinho JOSÉ PEREIRA DA ROCHA em 26-03-1847. Eles eram pequenos criadores e agricultores do ASSURUÁ e de lá trouxeram para o bouqueirão do Riacho Canabrava, família, animais, diversos pertences, inclusive escravos.
Os 12 filhos de Venceslau e os filhos deles construíram um povoado que passou a crescer e atrair gente de outros lugares, sobretudo a partir de 1904 quando se deu o advento da influência da “maniçoba” que mudou profundamente a história de Uibaí em todos os sentidos, no entanto se olharmos mais acuradamente veremos que o lugar ainda continua politicamente dominado pelos descendentes dos dois patriarcas, e o “racha interno”, os conflitos atuais tem raízes nos primórdios do lugar onde sempre duas correntes políticas disputaram o poder sócio-político. Superar essa dicotomia “pobre” e “violenta” é um desafio de todos os uibaienses de sangue rocha-machadiano ou não, principalmente daqueles que com seu trabalho faz a roda da história girar. Ela precisa girar a favor da classe trabalhadora daqui e do mundo.

Por: CELITO REGMENDES – Professor, historiador e geógrafo uibaiense.

SEM NADA PARA COMEMORAR


O governo do PT que sempre foi oposição histórica em Uibaí completa DOIS ANOS e nós servidores não temos nada para comemorar. Em verdade, o governo do partido que foi intransigente defensor dos trabalhadores não está nenhum pouco preocupado com a melhoria das condições de trabalho, nem na recuperação das perdas salariais amargadas nesses 4 anos de arrocho salarial, e não há mesmo é qualquer interesse num real aumento de salário que daria de fato condições dignas aos servidores para o desempenho das nossas funções rumo à qualidade de atendimento do sofrido povo de Uibaí.
No rol do NADA para comemorar: continuamos sem dia fixo para recebimento dos salários, e com atrasos constantes no pagamento, sobretudo, na área da saúde, mas em todas as áreas temos problemas com falta ou má qualidade de equipamentos, pois, falta EPI e NÃO HÁ NENHUMA PREOCUPAÇÃO QUANTO À REGULAMENTAÇÃO E PAGAMENTO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE AOS PROFISSIONAIS QUE FAZEM JUS.
Há sempre o chororô de que não tem dinheiro, que encontraram a prefeitura quebrada e inadimplente, mas a gente sempre vê o prefeito inchando cada vez mais a prefeitura com os representantes dos líderes políticos, sobretudo, com os representantes dos seus novos aliados políticos que muitas vezes são fantasmas do serviço público. E tem dois anos nisso, mas o governo não empossou nenhum servidor concursado e temos concurso homologado há meses, e mais: esse mesmo governo contratou mais de 300 pessoas mediante contratos precários (sem pagar férias e nem 13º, descontando da remuneração até os dias de recesso de são joão) ao longo desse período. OLHE: com o dinheiro desses contratos daria para recuperar grande parte das perdas históricas que nós temos.
E não é só, pois, no rol do NADA para comemorar há: 2 (dois) anos de descaso deste governo para com o conjunto dos servidores que já estamos há mais de 4 longos anos sem nenhuma correção de salário: motoristas, técnicos de enfermagem, agentes de saúde e outras categorias que ganhavam até 50% a mais do salário mínimo vigente, hoje ganham só o salário mínimo e em breve, se não houver uma luta séria dos servidores, este será o salário máximo pago pela prefeitura de Uibaí.
Então, o SINDICATO tem feito a sua parte, encaminhamos vários ofícios com essas e outras pautas de reivindicações à prefeitura, muitas vezes propondo data e hora para nos reunirmos com o prefeito, mas tivemos quase sempre o silêncio como resposta.
Da nossa parte, continuaremos insistindo nas cobranças por dignas condições de trabalho e por melhores salários para os nossos servidores. Não arredaremos o pé, nunca! Continuamos na batalha para aumentar o número de sindicalizados e a chamar todos e todas para participar das lutas do sindicato, pois, o SINDICATO somos todos e todas nós.

PCCR DO MAGISTÉRIO – Enrolação e nenhum interesse do governo.


Nossa proposta de Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PCCR está pronta há mais de um ano e sempre tivemos a boa vontade de fazer as revisões e ajustes, cumprindo os prazos que a Secretária Municipal de Educação nos pedia, mas até agora o governo municipal não nos convidou para discutir uma contraproposta séria.
Na verdade, é só enrolação.
Com a greve de advertência de 24horas que fizemos em junho, conseguimos ajustar um acordo de 75% dos recursos do FUNDEB serem gastos com a remuneração do magistério público municipal. Então, nossa proposta foi pautada nesse acordo e o entregamos em setembro para que o prefeito fizesse as adequações legais e orçamentárias necessárias para poder enviar à câmara de vereadores, sempre com o compromisso por parte do SSPMU de exigir o cumprimento do acordo dos 75%.
Mas nada do governo municipal fazer avançar a proposta do PLANO DA EDUCAÇÃO, e já cansados de tanta enrolação e da extrema falta de interesse do governo em melhorar a educação no nosso município, e também cansados de levar “bolo de palmatória”, os professores e demais categorias que lutam em prol de um serviço público municipal de qualidade lotamos a galeria da câmara e levamos um “bolo confeitado de verdade” para comemorar 1 (um) ano de enrolação do PCCR do magistério.
Por fim, o prefeito retirou o PCCR do Magistério Público Municipal da Câmara de Vereadores, prometendo que as aulas não começarão em fevereiro de 2011 sem que o PCCR esteja aprovado. Será mesmo? Ou é só mais enrolação?!
É engraçado, agora mesmo foi aprovado o Código Tributário Municipal que era de interesse do Poder Executivo em apenas uma semana e veja, em apenas uma semana apesar desse código tributário mudar toda a vida dos contribuintes municipais, mas o PCCR tem que ser exaustivamente discutido! O que será? Parece que quando há interesse a coisa anda!? Ou são dois pesos e duas medidas?

O TUMULTUADO REGISTRO SINDICAL


Todos devem se lembrar da observação que o advogado do SSPMU sempre fez em nossos encontros: O sindicato está legalizado e pode representar oficialmente os sindicalizados com caráter de associação (tal como os demais sindicatos da região), mas o sindicato só será sindicato de direito quando obtiver o chamado registro sindical no MTE, Ministério do Trabalho e Emprego.
E a luta para conseguir o tal registro já virou uma saga para vencer os trâmites da burocracia e os desencontros das idas e vindas à cidade de Salvador.
Nas três primeiras idas ao MTE para obter informações, os funcionários estavam em greve – essas foram greves curtas de no máximo uma semana. 
Enfim, conseguimos as informações depois da contratação do atual advogado e ajuntamos toda a papelada, mas desta vez os trabalhadores do MTE entraram numa longa greve que durou mais de 5 (cinco) meses.
Depois de terminada a greve dos trabalhadores do MTE, em setembro desse ano, o presidente do SSPMU fez mais um viagem à Salvador que também acabou frustrada, pois, a burocracia apenas aceita como comprovante de endereço a conta de água ou de luz e as nossas estavam em nome do proprietário da sede e exigia também um termo de posse da diretoria exclusivo e separado da ata de fundação. E para colocarmos o endereço em nome do sindicato (água, luz e CNPJ) e registramos o termo de posse separado da ata de fundação foram mais dois meses de entraves burocráticos.
Enfim, no dia sete de dezembro desse ano, protocolamos a papelada no MTE de Salvador, que a enviará à Brasília e terá 180 dias para nos conceder ou não o registro definitivo. 
E com isso o nosso sindicato se tornou o mais avançado nessa matéria em toda região de Irecê, mas que ainda assim pode representar todos os servidores e servidoras municipais, pois, antes de tudo já é uma associação de trabalhadores e trabalhadoras.